Em plena era digital, aumenta a procura por brinquedos pedagógicos 5u715z
26/12/2018 07h56Fonte Estadão Conteúdo
Na casa da professora Adriane Ratão, de 42 anos, as crianças nunca ficam sentadas no sofá jogando videogame ou assistindo a vídeos no celular. Lá, os trigêmeos de 7 anos são incentivados a lidar com brinquedos mais simples, nunca com os eletrônicos. Como o meio digital cada vez mais ganha espaço e tempo na infância, as famílias têm evitado o contato dos filhos com esses aparelhos e dado preferência para os brinquedos tradicionais.
Uma pesquisa da Euromonitor International, empresa de pesquisa de mercado, mostra que, desde 2016, tem sido crescente a procura por brinquedos educativos e pedagógicos - que estimulam o desenvolvimento cognitivo, físico e emocional da criança. Segundo o estudo da consultoria, as vendas dos brinquedos classificados como STEM Toys (sigla em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática), ou seja, brinquedos educativos voltados a Ciências e Matemática, apresentaram crescimento de 7% em 2017.
Para os responsáveis pela pesquisa e especialistas da área, o aumento na procura por esse tipo de brinquedo mostra pais que estão buscando estimular os filhos a ar menos tempo nos celulares ou videogames. Adriane explica que quis manter as crianças longe do meio digital para que possam de fato brincar. "Se não for agora, quando vão ter a oportunidade? Não quero ver meus filhos sentados com um celular na mão, isso eles vão fazer quando forem mais velhos."
Para ela, os pais têm de dar o exemplo. Adriane diz evitar usar o celular na frente das crianças ou deixar a televisão ligada em casa. Ela também diz ser importante que os pais brinquem com os filhos. Entre os brinquedos favoritos de Joaquim, Lívia e Mariana estão carrinhos, bonecas e jogos como o de memória e o de quebra-cabeça. "Mas eles sempre querem que a gente brinque junto e isso é ótimo. Se estivessem mexendo no celular, não iriam querer a companhia dos pais."
O psicanalista Pedro Luiz Santi, professor da ESPM e especialista em comportamento do consumo, também observa a demanda de alguns pais. "Dar brinquedos caros é muitas vezes uma tentativa de reparar a culpa de trabalhar demais, de deixar a criança muito tempo na escola. Temos uma geração de pais que, quando eram filhos, receberam essa reparação. Agora, eles querem fazer diferente."
A farmacêutica Milena Ikauno, de 38 anos, também não deixa a filha Beatriz, de 7, usar celular e computador para o lazer. Para ela, a decisão de evitar os eletrônicos nessa idade exige uma postura de toda a família. "Se eu não a deixo usar o celular, não posso deixar de dar atenção para ela e ficar usando o meu aparelho", diz. E incentivar os brinquedos comuns é às vezes mais trabalhoso e até mesmo custoso: Beatriz adora bonecas e fazer trabalhos, como dobraduras e desenhos. "Ela sempre pede para que eu reponha os materiais que usa."
Levantamento da Associação Brasileira de Fabricantes de Brinquedos (Abrinq) aponta que, em 2017, 19% dos brinquedos vendidos eram bonecas e 15,5%, carrinhos. Os eletrônicos eram apenas 4% do total comercializado. "Não podemos esquecer que as próprias crianças demandam o presencial, o contato com o físico. Elas precisam por a mão no brinquedo, morder, sentir o cheiro. O digital não traz essa experiência", diz Santi. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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